Habitação de Interesse Social de Sobradinho
Arquitetura
Local | Sobradinho, DF
Ano | 2016
Arquitetura | 24 7 Arquitetura
Equipe | Giuliano Pelaio, Gustavo Tenca, Inácio Cardona, Nicolas Meireles
HIS Sobradinho
Visando o atendimento ao programa e exigências do concurso, nossa busca se resume a uma solução lógica e racional capaz de demonstrar que a qualidade de uma habitação não deve corresponder ao padrão econômico de uma determinada classe social, mas sim aos conhecimentos técnicos do seu momento histórico, rompendo um paradigma antigo e dominante de que a habitação popular deve ser marcada pela simplicidade de suas construções.
A proposta arquitetônica propõe atender de forma compacta e funcional 3 tipologias com layout e metragens distintas. O projeto prevê mais liberdade aos moradores, com espaços comuns de convívio dentro do prédio sem deixar de lado, a qualidade visual e volumétrica das mesmas. A preocupação com a estética das fachadas, assim como com a heterogeneidade e a descompactação dos modelos mais usuais de prédios habitacionais multifamiliares, são pontos chaves na elaboração da nossa proposta.
O formato linear do edifício, acabou sendo resultado do lote, igualmente alongado. A unidade habitacional coletiva é resolvida a partir de 2 blocos lineares interligadas pelo vazio da circulação vertical, aberta, o que visa o aumento do fluxo da ventilação nos corredores internos e consequentemente auxiliam na renovação do ar dos apartamentos.
A ideia de afastamento das unidades sobrepostas, através das vigas metálicas perfuradas, além de conferir uma leitura mais linear para os andares, auxiliará no conforto térmico dos apartamentos, com a criação de uma camada ventilada entre os pisos e forros das unidades, permitindo que a ventilação possa ser conduzida para o interior das unidades através de grelhas no piso.
A torre se conforma com a adição de varandas coloridas e assimétricas, assim como pelas subtrações de outras unidades, responsáveis pela criação de áreas de convívio interna entre os moradores.
Na cobertura um terraço com horta e uso coletivo, capaz de possibilitar mais uma área de lazer aos moradores é demarcado por uma cobertura metálica.
A relação “público x privado” é tratada neste projeto através da criação de um térreo aberto e de livre circulação, com exceção da caixa de escadas e elevadores.
37% do térreo está ocupado com espaços de uso compartilhado dos moradores, como por exemplo: salão de festas, 2 escritórios, uma oficina com ferramentas para bricolagem, bicicletário, área de convívio e uma lavanderia comunitária. Esta última possibilita que os usuários possam abrir mão deste ambiente em seus apartamentos, possibilitando o aumento das suas respectivas cozinhas.
Implantação
O lote de 60m x 15m é todo tomado pela projeção da unidade habitacional coletiva e possui desnível de aproximadamente 3 metros. A topografia é aproveitada com o nivelamento do projeto pelo ponto mais alto do lote, criando o acesso em nível em uma das extremidades. Ao longo dos outros 60 metros, o nível do térreo se eleva como uma praça coberta em relação ao nível da rua, gerando um novo acesso através de uma escadaria.
Abaixo da “praça”, o nível subsolo do estacionamento consegue acesso em nível na extremidade mais baixa do lote.
Acessibilidade
Foram concebidos apartamentos que possibilitam que os cadeirantes e portadores de necessidades especiais realizem todas suas funções.
Os espaços entre os móveis e as dimensões de portas foram projetados para que um cadeirante possa se locomover de forma independente.
Materialidade
As paredes são pintadas externamente garantindo um interessante trabalho cromático sendo determinantes para a leitura do conjunto como diferentes volumes encaixados entre si, sem, contudo, perder-se a noção de pertencer ao todo.
As esquadrias são de alumínio com persiana externa de enrolar para controle do sol nas portas dos quartos. Todos os guarda-corpos da caixa de escada assim como os fechamentos externos do andar térreo são de chapa metálica perfurada.
O único elemento em concreto armado moldado in-loco constitui-se na marquise do térreo que avança 2,5m em relação aos recuos obrigatórios do edifício.
Estrutura
O sistema construtivo de pilares e vigas metálicas e fechamentos em steel frame, garante facilidade de construção, agilidade, racionalização, controle dos custos e aumento do nível da sustentabilidade da obra.
Uma vez montado o esqueleto do prédio em estrutura metálica, os módulos dos apartamentos seriam içados já prontos com as lajes em steel deck, paredes externas e internas, elétrica e hidráulica. O fechamento em light steel frame proporciona excelente comportamento termo acústico com espessura de parede menor do que o sistema tradicional em alvenaria de blocos cerâmicos ou de concreto.
Sustentabilidade e Conforto
A orientação NE-SO do edifício, imposta pela configuração do lote, gera duas extensas fachadas a SE e NO, uma menos exposta e outra mais ensolarada. A adoção de paredes externas com isolante termo acústico de lã de pet estabelecem uma barreira à passagem do calor para dentro dos apartamento, garantindo maior conforto aos usuários. O uso de persianas externas nas portas balcão dos quartos também auxiliam no controle solar e protegem os vidros da radiação direta.
Os apartamentos recebem ventilação de forma natural e aproveitam ao máximo a iluminação.
Os vazios formados por varandas de uso privativo e também coletivo, contribuem para a entrada dos ventos predominantes a Leste e NO. Janelas mais altas nas paredes dos corredores, beneficiam a ventilação cruzada no interior dos apartamentos.
O sistema construtivo e os materiais empregados possuem um alto grau de industrialização, além de reduzir o tempo de execução da obra e o desperdício de materiais.
Um sistema de reaproveitamento de água da chuva, coleta água para utilização na rega de jardins e limpeza das áreas coletivas.