UERGS – Unidade São Chico

Arquitetura

O projeto aqui apresentado buscou resolver o programa de necessidades funcional exigido pelo concurso para um novo campus da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, na cidade de São Francisco de Paula, destacando os aspectos de sua implantação no tecido urbano existente e das dinâmicas de sociabilidade. Uma das preocupações imediatas do projeto foi buscar através da arquitetura, uma integração harmoniosa com a cidade, fazendo o edifício agir como um marco na paisagem e em diálogo com o patrimônio construído.

A proposta resultante prevê um térreo permeável e fluído, capaz de articular através de suas escadarias, os diferentes níveis entre a Rua Três de Outubro e a Rua José Bonifácio, abrigando também o auditório e as áreas técnicas requeridas. Acreditamos que o auditório conectado ao nível da rua e com acesso irrestrito possa acolher não só as atividades acadêmicas, mas também à comunidade, integrando dessa forma docentes, discentes, funcionários e cidadãos da cidade, possibilitando uma convivência democrática.

As exigências do programa de necessidades proposto pelo concurso, aliados às restrições do terreno, fazem surgir a necessidade de um edifício de grande porte para a cidade. Outrossim, a verticalidade e a escala da nova sede da universidade contrastam com a paisagem urbana de São Francisco de Paula, marcada por uma menor densidade construtiva e pela presença de construções de até três pavimentos. Logo, no projeto, a horizontalidade está presente no pavimento logo acima da rua que se estende até o limite do lote, e perpendicularmente, um outro volume de planta quadrada, sobreposto ao volume inferior e ocupando apenas uma parte deste, traz a verticalidade para o projeto ao mesmo tempo que soluciona todo o restante do programa necessário.

Sobre o volume do primeiro pavimento se encontra um terraço-mirante, buscando manter relação visual com a Praça Capitão Pedro da Silva Chaves e valorizando a vista da Igreja, um marco da cidade. A criação deste espaço, vem ao encontro do desejo de sociabilização, uma das premissas projetuais que norteou a distribuição do programa. Sua localização permite que o acesso a esse espaço seja mais controlado, servindo assim como um local de encontro e permanência aos estudantes e professores. A viabilidade técnica e financeira do projeto se dá através da racionalidade construtiva e coerente uso dos materiais que aqui foram utilizados de forma natural, valorizando suas características estéticas inerentes, e escolhidos de modo a privilegiar a acessibilidade, o desempenho técnico e a relação custo-benefício. A estrutura principal é constituída por pilares de concreto e lajes nervuradas capazes de vencer vãos de até 10m sem apoios.

Foram adotados dois sistemas de proteção solar para as fachadas oeste: Brises metálicos articuláveis, capazes de criar a proteção necessária contra os raios do sol poente possibilitando ao usuário interagir com o sistema conforme a movimentação do sol, e cobogós de tijolos cerâmicos que passam a compor um plano de vedação vazado, colaborando para filtrar a radiação solar direta nos vidros. Dessa forma conseguimos criar um diálogo com a tradição construtiva brasileira ao mesmo tempo que as constantes variações das articulações dos brises metálicos trarão um dinamismo interessante para a leitura da fachada que tende a se modificar a cada dia.